Mogo de Malta: Duas Lendas e Uma Visão
Lenda da Fraga Do Ouro
Conta a lenda que em Mogo de Malta, existe uma fraga que todos os anos, dia de Natal, à meia-noite, se abre ao meio, e no seu interior se encontra uma grande fortuna em moedas de ouro.
Num determinado ano, uma pobre mulher, ambicionando parte das moedas de ouro ali guardadas, ousou aventurar-se e com uma criança pequenina ao colo dirigiu-se para a fraga. Ao dar a primeira badalada da meia-noite, a fraga abriu-se e a mulher pôde entrar com o seu filho. No interior ficou maravilhada com o que viu. Apressadamente encheu o avental de moedas, e ao dar a última badalada correu a sair porque a fraga estaria a fechar-se. Ela conseguiu sair, mas a criança foi esquecida lá dentro. A mulher ao aperceber-se do que lhe tinha acontecido, abriu o avental e atirou as moedas pela encosta abaixo que se transformaram em grandes pedregulhos, que ainda hoje se podem observar.
Conclui ainda a lenda, que no ano seguinte a mesma mulher voltou à fraga, seguiu os mesmos passos mas desta vez para recuperar o filho.
Lenda da Figueira Redonda
No sítio da Figueira Redonda em Mogo de Malta há um bloco enorme de granito, forma esférica, de muitas toneladas que, diz a lenda, foi trazido à cabeça por uma mulher fiando na roca (outros dizem trazido pelo diabo) num percurso de três quilómetros, por uma íngreme ladeira, cheia de ravinas e penhascos, onde dificilmente se anda a pé. Próximo a este, há outro bloco de configuração achatada, que, no dizer da lenda, era a rodela onde assentava o bloco maior que a mulher trazia à cabeça.
A Visão da Terra Prometida
Reza a lenda que no tempo da ordem dos cavaleiros hospitaleiros, se conspirava na sombra dos sobreiros de Mogo de Malta, que um grupo de fanáticos escaladores, de pele cortada pelos gratons de Corno de Bico e do Alvão, seriam um dia encandeados por uma visão que os faria vislumbrar huecos em Granito Amarelo, fissuras rasgadas em pranchas de cinquenta graus e presas com canto em pedra boroa. Adivinhava-se que suor e sangue brilhariam nas pontas dos dedos de quem dessas sombras se aproximasse.